Queremos sensibilizá-lo!

No âmbito da unidade Curricular Psicologia II do 2º ano da Licenciatura em Cardiopneumologia da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra realizar-se-á um estudo denominado “Programas de Promoção de Saúde na (Pré) Obesidade.”

O objectivo principal deste blogue é sensibilizar a população em geral, apresentando a (pré) obesidade como factor propício a alterações cardio-respiratórias, apoiando-se em resultados conseguidos através de provas de intervenção da área da Cardiopneumologia: Prova de Esforço e Estudo Funcional Respiratório.

Para isso, iremos recorrer a uma população alvo constituída por seis indivíduos com idades compreendidas no intervalo [17,48] anos, de ambos os sexos. Três deles possuem um Índice de Massa Corporal (I.M.C.) considerado normal (18,5 – 24,9 kg/m2) e os outros três indivíduos um I.M.C. acima dos valores normais (≥ 25.0 kg/m2).

Este estudo irá decorrer na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra, instituição integrante do Ensino Superior com 8 Cursos de Licenciatura, 4 de Pós-Graduação, 3 Mestrados e 976 alunos inscritos.

Nota: na parte direita do blogue poderá calcular o seu I.M.C. para saber qual o seu nível!

Hurst´s O Coração e a Obesidade

O CORAÇÃO E A OBESIDADE

A obesidade e a síndrome metabólica associada são os principais contribuintes modernos para o envelhecimento prematuro das artérias. A acumulação excessiva de gordura corporal é um tema importante da cardiologia devido ao seu efeito adverso na saúde cardiovascular, a sua prevalência rapidamente crescente, assim como o problema da obesidade infantil e o seu impacto na futura saúde cardiovascular da população global.

É um problema dos países industrializados, relacionado com a mudança nos padrões de alimentação e de actividade física que habitualmente acompanham a prosperidade económica mas, paradoxalmente, promovem o aumento da doença cardiovascular (DCV). Muito deste problema é relacionado com o conceito de uma interacção adversa entre a genética e o ambiente. O aumento rápido e disseminado da obesidade preenche os critérios de uma epidemia – atingindo simultaneamente muitas pessoas em qualquer região, largamente disseminada e em rápida expansão.

Estatísticas relevantes

• 1991: 12% da população dos EUA definida como obesa.
• 2001: 20,9% da população dos EUA definida como obesa – um aumento de 61% (fig. 43-1).
• O excesso ponderal (IMC)> 25 kg/m2) e a obesidade afectam 63% dos homens e 55% das mulheres nos EUA.
• A obesidade e desproporcionalmente comum entre mulheres negras e Hispânicas assim como nos asiáticos e os indivíduos das ilhas do Pacífico, os nativos dos EUA, os nativos do Alasca e os nativos do Havai.
• Os grupos etários mais jovens foram mais afectados pelo aumento da obesidade em 1991 e 1998, do seguinte modo:

18-29 anos de idade = 70%
30-39 anos de idade = 50%
40-49 anos de idade = 34%
50-59 anos de idade = 48%
60-69 anos de idade = 45%
> 70 anos de idade = 29%

Os anos de vida perdidos relacionam-se com o grau de obesidade:

Dos 20 aos 30 anos de idade, perdem-se 5 anos de vida se o IMC é de 30 a 35.
Dos 20 aos 30 anos de idade, perdem-se 7 anos de vida se o IMC é de 35 a 40.
O custo anula directo da doença cardiovascular atribuída à obesidade é de 42 mil milhões de dólares.
O custo anual indirecto da doença cardiovascular atribuída à obesidade é de 30 mil milhões de dólares.
17% do total do custo da doença coronária relaciona-se com obesidade.




Algumas síndromes específicas associam-se à obesidade e devem ser corrigidas em certos doentes. Estes distúrbios incluem hipotiroidismo, o insulinoma, o crânio-faringioma e outras perturbações do hipotálamo (Quadro 43-1). Devem efectuar-se testes diagnósticos apropriados para fazer o rastreio destas patologias. A apneia do sono contribui frequentemente para as complicações cardiovasculares da obesidade, que podem incluir:

• Hipertensão diurna
• Arritmias nocturnas
• Hipertensão pulmonar
• Insuficiência ventricular esquerda e ventricular direita
• Enfarte do miocárdio
• Acidente vascular cerebral
• Excesso de mortalidade


Definição

O índice de massa corporal (peso em quilogramas/quadrado da altura em metros) é uma medida comum da gordura corporal utilizada nos ensaios clínicos. O equivalente não métrico é:

IMC = (peso em kg/quadrado da altura em m) x 704,5



A obesidade pode ser definida como um IMC> 30. Contudo, o risco de doença coronária aumenta mesmo com aumento ligeiro do IMC. Em mulheres de meia-idade, um IMC> 23 mas 25 aumenta em 50% o risco de doença coronária fatal ou não; em homens de meia-idade, um IMC> 25 mas <29 aumenta o risco em 72% (Quadro 43-2).

O uso do IMC no doente individual pode induzir em erro porque não reflecte a distribuição da gordura corporal. Do mesmo modo, o uso do perímetro abdominal para definir excesso de peso como refere o ATP III, pode induzir em erro, por causa da altura e das características antropomórficas do sujeito individual. A obesidade com importância médica é um excesso de gordura corporal, em qualquer indivíduo, que contribui para distúrbios metabólicos que, por sua vez, contribuem para o aumento de DCV.


Avaliação da gordura corporal

Usam-se muitas técnicas para avaliar o grau da obesidade; cada uma tem as suas forças e as suas fraquezas (Quadro 43-3).



O peso hidrostático é o «método padrão». Contudo, as suas limitações incluem a falta de informação sobre a localização anatómica da gordura; o equipamento adequado a uma analise rigorosa, incluindo um tanque subaquático para pesagem; o equipamento necessário para a determinação do volume pulmonar residual pela diluição do nitrogénio; e a capacidade do doente em suster a respiração debaixo de água por 10 a 15 s, múltiplas vezes. A expressão índice de massa corporal é frequentemente usada na literatura médica, mas ela não envolve qualquer indicação de grandeza ou gordura e, por isso, existe uma grande variedade de «gordura» individual para cada valor de IMC. O IMC não indica a parte do corpo que carrega gordura. A medições de pregas cutâneas baseiam-se nas espessuras das múltiplas pregas cutâneas e numa fórmula matemática que estima, a partir do valor calculado, qual a percentagem de gordura corporal comparada com a pesagem hidrostática. Um dos métodos requer a medição da prega cutânea em sete locais. As medições do perímetro de diferentes partes do corpo são fáceis de usar e baseiam-se no pressuposto de que a gordura corporal se distribui por vários locais do corpo. A razão cintura-anca é o perímetro da cintura a dividir pelo perímetro das ancas; tem em conta a obesidade abdominal e pode ser o melhor preditor, que o MC, das sequelas relacionadas com a obesidade no adulto. Uma razão cintura-anca> 1,0 nos homens e> 0,8 nas mulheres prevê complicações da obesidade independentemente do IMC. A impedância bioeléctrica é usada desde 1880 para medir a condutividade corporal. Este método usa fórmulas de regressão linear para estimar a gordura corporal; parece válido para a população «normal» mas subestima a gordura corporal nos indivíduos obesos, mas sobrestima-a nos indivíduos magros.


A. O´Rourke, Robert, Valentin, Fuster e Wayne Alexander, R. 2006. Hurst´s, The Heart, Manual of Cardiology. [ed.] Inc. The McGraw-Hill Companies. [trad.] S.A.U. McGraw-Hill Interamericana de España. 11ª Edição. s.l. : McGraw-Hill, 2006. pp. 571-582. ISBN 84-481-5151-8.